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Mostrando postagens de dezembro, 2017

A Casa Incendiada no Fim da Rua

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Por: Paulo Bonfá/Robson de Jesus Não acredito em liberdade Não quero me repetir Seja onde for, estou só e não posso voltar atrás Todas as barreiras imaginárias foram destruídas Criação, realidade obstruída Desejo à você toda felicidade E que não seja dolorosa a viagem Não é necessário sentir minha falta Não é necessário me esperar E nem perder a calma Ela me esperou por todas as noites Mesmo sabendo que eu não voltaria Suas lágrimas atormentavam a vizinhança Seus joelhos sangravam enquanto pagava por suas penitências Seus olhos negros estavam fundos e sem brilho Provavelmente, não enxergavam mais Sem alma, contra tudo o que eu acreditava Me enforquei ao som de Cartola Ela estava lá, agonizando O odor lembrava algo similar à vinho Vislumbrava pequenas pegadas no chão Quase que cobertas pela poeira azul dos faraós  A casa abandonada no fim da rua conversou comigo Enquanto eu morria E a imagem de seu corpo em chamas, sorrindo Iluminava o ar como uma ve

Não Me Ofereça Amor

Não me ofereça amor Se queres me prender Cativo em uma gaiola até me perder Que amor, deveras, não há de ter Não me ofereça amor Se não suportas meu passado Um passado tão sujo e pesado Quanto todas as mortes do Holocausto Não me ofereça amor Se não sou aquilo que procuras Tenho minhas próprias loucuras E as dividiria com as tuas Mas Não oferecerei amor

Contos do Fim do Mundo #1 - O Combustível Arrebatador

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Já passava das 17 horas. Nibiru parecia cada vez mais próximo. Era possível ouvir com clareza os gritos dos mais perplexos. As crianças choravam veementemente, enquanto a gravidade produzia terremotos e tsunamis assustadores. Em meio às sirenes das ambulâncias e ao caos total, um rapaz estava parado em frente a um posto de abastecimento. Olhava transtornado para o horizonte, aparentemente, sentindo medo em demasia. Perto dali, passava um pastor pelo local. Demonstrando serena tranquilidade, ao que tudo indica, conformado com a situação, observou o rapaz aflito por um período de tempo. A fim de garantir conforto espiritual ao dito cujo, se aproximou do infeliz e comentou tranquilamente: - É meu filho, a profecia está se cumprindo... quem diria. - É verdade, eu nunca pensei que isso fosse acontecer. - Muita gente não esperava, não é mesmo? - É verdade... sabe, Seu Pastor, eu sabia que essa hora iria chegar a qualquer momento. Foi anunciado. Mas sabe como é né... a gente nunca acredita q

Todos os Dias eu Sinto a Morte de Perto - A vida de um jovem ansioso

Recentemente li "Quando Nietzsche Chorou", escrito pelo psicoterapeuta e professor Irvin D. Yalom que mescla elementos reais com a ficção. A obra, que diga-se de passagem me fora apresentada pela grande amiga Carol Galvão, relata o lado íntimo do pensador protagonista. Todos os seus medos, angústias, sonhos, amores, entre outros devaneios. Contudo, o que mais chamou minha atenção foi como o filósofo lidava com o que ele chamava de "Doença do Desespero", ou simplesmente "Desespero". Tal abordagem nos faz refletir como esse problema, hoje epitetado como "Ansiedade", torna qualquer ser humano, inclusive aqueles cuja a mente são reconhecidamente as mais brilhantes que já passaram pelo mundo, refém de uma parte inalcançável pela nossa vontade. Ainda que terrível, a Ansiedade é um grande mecanismo de busca por verdades intangíveis, como a corrente filosófica existencialista de Kierkegaard, Dostoyevsky, Sartre, Schopenhauer e do próprio Nietzsche. Apes