Todos os Dias eu Sinto a Morte de Perto - A vida de um jovem ansioso

Recentemente li "Quando Nietzsche Chorou", escrito pelo psicoterapeuta e professor Irvin D. Yalom que mescla elementos reais com a ficção. A obra, que diga-se de passagem me fora apresentada pela grande amiga Carol Galvão, relata o lado íntimo do pensador protagonista. Todos os seus medos, angústias, sonhos, amores, entre outros devaneios. Contudo, o que mais chamou minha atenção foi como o filósofo lidava com o que ele chamava de "Doença do Desespero", ou simplesmente "Desespero". Tal abordagem nos faz refletir como esse problema, hoje epitetado como "Ansiedade", torna qualquer ser humano, inclusive aqueles cuja a mente são reconhecidamente as mais brilhantes que já passaram pelo mundo, refém de uma parte inalcançável pela nossa vontade.
Ainda que terrível, a Ansiedade é um grande mecanismo de busca por verdades intangíveis, como a corrente filosófica existencialista de Kierkegaard, Dostoyevsky, Sartre, Schopenhauer e do próprio Nietzsche. Apesar da heterogeneidade das ideias, estes pensadores apresentavam, em comum, um quadro de ansiedade em demasia, que refletia em dúvidas sobre a existência humana. É importante notar também a influência deste mal na 2° geração do Romantismo, caracterizada pela melancolia, negatividade e pessimismo de seus principais autores, sobretudo, Alfred de Musset e Lord Byron.
Imagino que todas essas grandes mentes, como tantas outras, tenham passado pelo o que eu passo, dia-após-dia, desde 2009. 
Resumindo meu cotidiano: todos os dias eu sinto a morte de perto. 
É intrigante como precisamos lutar para não cair no conto da voz do desespero. 
Imagine, seu corpo se aquecendo deliberadamente sem o menor motivo. Imagine uma carga de adrenalina descendo até o estômago, levando todos as suas esperanças e sonhos. Imagine um corpo que sente a anestesia da própria mente, estático, enérgico, sólido e inconstante. Imagine o amargor do sangue invandindo seu paladar, deixando rastros hemorrágicos imaginários. Imagine um coração que acelera de tal maneira que a violência de sua frequência fere todo o seu peito. Imagine... não respirar enquanto todo o oxigênio do mundo invade suas narinas. Imagine, sentir como é morrer, em segundos que duram uma eternidade, e manter-se sempre vivo. 
Você desejaria a morte, rápida e indolor. 
Acredito que a melhor definição de Ansiedade seja um verso, clichê, de Camões: "Fogo que arde sem se ver". 
Ainda busco o autocontrole. Porém, sinto que é praticamente impossível alcançá-lo. Entretanto, todas as vezes que eu "quase morro", renasço mais forte para enfrentar a voz e, consequentemente, meu maior medo.


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